O câncer de garganta se caracteriza pelo surgimento de um tumor maligno nas principais estruturas da região. Os locais que mais costumam ser acometidos são
a laringe e a faringe, o que pode comprometer a respiração, a voz e a deglutição.
Cerca de
80% dos tumores
que acometem o órgão são causados pelo
consumo de tabaco e álcool. Apesar de ser mais comum em homens, principalmente, após os 40 anos, qualquer pessoa que se enquadra nos fatores de risco pode desenvolver a doença.
Nesse artigo, você saberá tudo sobre câncer de garganta. Conhecerá os tipos de tumores mais comuns, os sintomas que causam e os fatores de risco. Verá também como é realizado o diagnóstico e as possibilidades de tratamento.
Lembrando que, como todo tipo de câncer, as chances de cura são muito maiores
quando o tumor é descoberto em seu estágio inicial.
Boa leitura!
Quais os tipos de tumores mais comuns no câncer de garganta?
O câncer de garganta pode acometer qualquer órgão, desde a parte posterior da boca até o esôfago, o que chamamos de faringe, ou na laringe,, o órgão das cordas vocais.
1. Laringe
Os tumores na laringe acometem predominantemente
homens entre 50 e 70 anos. Entre os cânceres que se desenvolvem na região da cabeça e pescoço, esse é um dos mais comuns, representando cerca de
25% dos casos.
Os tumores na laringe podem surgir, mais frequentemente, em uma das 3 áreas do órgão:
- Supraglote;
- Glote;
- Subglote.
O tipo histológico mais prevalente é o carcinoma de células escamosas, acometendo mais de
90% dos pacientes.
2. Faringe
A maioria dos casos de câncer de faringe são carcinomas, ou seja,
originados no tecido epitelial que reveste o órgão. Os tumores podem surgir em 3 partes distintas:
- Nasofaringe:
Consiste na parte superior das vias aéreas, disposta atrás do nariz e acima do palato mole;
- Orofaringe:
Inclui a base da língua, o palato mole, as amígdalas e a parte posterior da faringe;
- Hipofaringe:
Inicia na parte do osso hióide, conectando-se ao esôfago e à laringe.
Esse tipo de tumor também é mais comum em homens a partir dos 50 anos e costuma ser silencioso, o que pode resultar em um diagnóstico tardio, quando a doença já se encontra em estágio avançado.
Quais são os sintomas do câncer de garganta?
Os sintomas da doença podem ser facilmente confundidos com os de outros distúrbios, dificultando no seu diagnóstico. Além disso, há casos em que eles são imperceptíveis, dependendo da
localização e do tamanho do tumor. Porém, existem algumas manifestações que, ao se tornarem persistentes, podem indicar a sua existência. São eles:
- Alteração na voz (Rouquidão);
- Dor na garganta;
- Dificuldade para engolir;
- Linfonodos (gânglios) aumentados e persistentes;
- Dificuldade para respirar (falta de ar);
É importante destacar que os sintomas variam
conforme a localização e extensão da doença, além dos hábitos do paciente.
A queixa mais comum dos pacientes portadores de tumores de laringe é a rouquidão persistente e com piora progressiva, enquanto os pacientes com tumores de faringe, queixam-se principalmente de dor para engolir e surgimento de ínguas (linfonodos) no pescoço.
Quais os fatores de risco para o surgimento do tumor?
Os principais fatores de risco do câncer de garganta são o tabagismo e o consumo excessivo de álcool. Quando utilizados de forma simultânea, os riscos são ainda maiores,
chegando a aumentar em 10 vezes
as chances de desenvolver a doença. No Brasil, cerca de
80% dos casos
ocorrem com o sexo masculino. A explicação para essa alta taxa é que eles estão mais propensos a esse consumo simultâneo de tabaco e álcool.
O
refluxo gastroesofágico, assim como a poluição ambiental também são descritos como fatores de risco para os tumores de laringe.
Os tumores na orofaringe (base de língua, amígdala e palato mole) também podem ter fatores de risco próprios. Um dos principais é o
Papiloma Vírus Humano
(HPV), cuja incidência tem aumentado muito em jovens, por praticarem
sexo oral sem proteção. Uma pesquisa realizada pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC), demonstrou que o subtipo
16 do HPV
é um dos principais tipos de HPV responsável pelo desenvolvimento desse tipo de câncer.
Como é feito o diagnóstico da doença?
O diagnóstico dos tumores de garganta são baseados na história clínica e exame físico detalhado, com eventual biópsia e exames de imagens complementares, tais como tomografias.
Apesar de, na maioria dos casos, a causa desses incômodos não ser a existência do câncer, é imprescindível analisar para descartá-lo ou diagnosticá-lo em seu estágio inicial.
No caso de ser constatada a existência do tumor na laringe, é preciso realizar um exame conhecido como laringoscopia. Utilizando um aparelho endoscópico, permite que a lesão seja visualizada para determinar a sua gravidade.
Durante o procedimento, são coletados fragmentos de tecido da lesão suspeita, processo conhecido como biópsia, a fim de confirmar se o tumor é maligno ou não. Outros exames podem ser solicitados após a confirmação de câncer, com o objetivo de avaliar o tamanho, a localização e extensão do tumor, o chamado estadiamento. São eles;
- Tomografia;
- Ressonância magnética;
- Pet Scan
É importante destacar que a
detecção precoce do câncer na garganta influencia diretamente no sucesso do tratamento. Quando diagnosticado em seu estágio inicial, as
chances de cura chegam a 90%.
Portanto, é importante procurar ajuda médica ao reparar qualquer alteração na região e realizar os exames solicitados. Com eles em mãos, é possível indicar o tratamento que vai oferecer os resultados mais satisfatórios.
Quais tratamentos podem ser realizados?
A escolha do tratamento depende de diversos fatores, como:
- Saúde do paciente;
- Tipo e localização do tumor;
- Estadiamento do tumor;
- Chances de cura da doença;
Eventuais impactos sobre funções importantes, como fala, mastigação e deglutição.
Após analisar o caso de forma individualizada, poderá ser indicado uma das seguintes terapias:
1. Cirurgia
O tratamento cirúrgico costuma ser o mais indicado.
Ele pode ser feito de 3 formas principais:
Nos casos dos tumores iniciais de laringe, preferencialmente utiliza-se o tratamento endoscópico por via transoral, pois habitualmente as cirurgias convencionais ditas "abertas" promovem maiores alterações funcionais, com necessidade de uso traqueostomia e sonda nasoenteral no pós-operatório. E a radioterapia está relacionada a maior risco de recorrência. Nos tumores de laringe com estádios intermediários, pode se realizar radioterapia e quimioterapia.
Entretanto, se o tumor de laringe for avançado ou se o paciente não apresenta laringe funcionante, ou seja, o paciente já usa traqueostomia ou sonda para alimentação, pode ser realizada a Laringectomia total, que consiste na remoção de toda a laringe.
A faringectomia é o nome da cirurgia que remove parte da faringe. Se ela estiver localizada na orofaringe, a técnica mais utilizada é a robótica por via transoral (TORS). Em contrapartida, caso esteja na hipofaringe, é mais comum realizar tratamento com radioterapia ou radioquimioterapia para preservação da função da laringe. Como o câncer de garganta pode invadir os gânglios linfáticos do pescoço, na maioria dos casos é realizada também a dissecção de pescoço ou esvaziamento cervical, a fim de remover esses linfonodos.
2. Radioterapia
É uma opção para o tratamento dos tumores iniciais da faringe ou da laringe e nos casos de tumores avançados, mas como órgão funcionante, associa-se quimioterapia a radioterapia.
Procure ajuda médica!
Apesar de raro, o câncer de garganta é uma doença perigosa, pois pode prejudicar em funções essenciais, como respiração, fala e alimentação.
Diversos sintomas podem indicar a presença da lesão, com destaque para rouquidão, dor na garganta e surgimento de adenomegalias cervicais (ínguas). Aos primeiros indícios de uma dessas manifestações, é essencial buscar ajuda médica. Especialmente para quem se enquadra nos fatores de risco da doença, principalmente ser fumante e consumir álcool em excesso.
Quanto antes a doença for diagnosticada, maiores serão as chances de cura. Logo, é preferível realizar exames e saber que não se trata de um câncer do que não procurar ajuda e apenas diagnosticá-lo em estágio avançado.